O preço das disputas entre potências no Comércio Exterior

As crescentes disputas entre potências mundiais têm ditado tendências na arena internacional: sanções econômicas, taxações recíprocas e guerra comercial são apenas algumas das frequentes expressões encontradas nos noticiários sobre o tema. Tudo isso se sobrepõe a uma conjuntura de guerras espalhadas pelo globo, em que a instabilidade visivelmente perpassa diversas esferas de interações entre os países e, sobretudo, o comércio exterior.

O momento atual coloca em xeque a lógica puramente econômica e liberal que incentivou os movimentos globalizadores no passado, dando cada vez mais espaço para preocupações de ordem política ou relacionadas à segurança nacional. Isso não significa o fim das relações comerciais, mas sim uma reestruturação das bases que as mantêm em vigor.

Esses novos aspectos ganham relevância, também, entre os exportadores que pretendem manter-se inseridos na nova lógica mercadológica internacional – é o que mostram as projeções de organizações internacionais multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Trata-se de um cenário que reescreve desafios para as cadeias de produção globais, os fluxos comerciais e regimes tarifários. As disputas contemporâneas por poder entre as grandes potências impactam simultaneamente o comportamento econômico de diversos países e indústrias, tornando fundamental que os exportadores estejam preparados e capacitados para não apenas coexistir com as novas regras do jogo, como também garantir seu sucesso apesar dessas mudanças.

Impactos esperados das disputas de potências por poder

No cerne das transformações que perpassam as relações internacionais neste momento, encontra-se a disputa política entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores potências do globo. Em 2018, teve início o que se convencionou chamar de “guerra comercial” entre essas potências, que reciprocamente impuseram tarifas sobre centenas de bilhões de dólares em mercadorias um do outro.

À época, observou-se o crescimento de práticas como “nearshoring” e “friendshoring”, frequentes sob circunstâncias em que o comércio internacional passa a ser caracterizado por protecionismo e priorização do alinhamento político. Isso significa restringir as condições de livre comércio, apostando em relações com parceiros regionais ou de conduta política similar, de modo a diversificar relações econômicas e depender menos dos grandes atores hegemônicos que encontram-se na disputa.

Quanto maior o peso das oscilações geopolíticas, maior a tendência de aumento para práticas cautelosas que visam a resiliência. Esse propósito alinha-se com as observações da OMC, que prevê um tímido crescimento de 0,9% para o setor comercial, desde os aumentos tarifários (antes dos quais a projeção era de crescer 2,4%). Estratégias ajustadas às mudanças efervescentes do setor são, portanto, capazes de manter um cenário econômico adequado aos exportadores e investidores internacionais, mesmo que a política mundial esteja passando por momentos instáveis e conflituosos.

Em circunstâncias como essas, a segurança na tomada de decisão e a observação técnica de padrões históricos tornam-se variáveis indispensáveis para aqueles que atuam no comércio exterior.

Efeitos das tensões crescentes sobre o comércio exterior

Dentre as manifestações mais evidentes deste novo cenário econômico, está a desestabilização das cadeias mundiais de suprimentos, que costumavam operar em regimes “just in time”. As interrupções nos fluxos de comércio, causadas por sanções, conflitos ou crises sanitárias globais (como a pandemia de COVID-19) expõem a fragilidade dessas redes. Acentua-se, assim, um cenário de fragmentação do comércio global, o que leva países e empresas a priorizar cadeias de suprimentos mais curtas e resilientes, buscando mitigar riscos de dependência excessiva.

Isso significa o fim da globalização como a conhecemos? Não! Segundo o mestre e doutorando em Relações Internacionais pela UERJ, Jhonatan Mattos, estamos diante de uma realocação nos eixos de poder, sem que o processo de convivência internacional, em si, seja substancialmente alterado.

Em suma, a instabilidade costuma levar à valorização de mercados nichados e à busca por cadeias de valor mais curtas e controladas, que permitam garantir a origem, a qualidade e a competitividade da mercadoria. Essa mudança contrasta com o modelo anterior de produção em massa e reflete a preferência por parcerias confiáveis, menos suscetíveis a choques externos, conforme análises da McKinsey & Company.

Isso porque a imposição de barreiras, tarifárias ou não, encarece produtos dos países afetados nas relações bilaterais e torna-os menos competitivos em seus mercados. Os exportadores brasileiros de aço e alumínio constituem exemplo desses impactos após as abruptas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre o Brasil em 2025. Da mesma forma, a União Europeia usou de artifícios similares para condenar a invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, excluindo o país dos sistemas de pagamento em vigor e, portanto, sedimentando as relações comerciais da região, o que costuma levar o país embargado a apostar em outros parceiros econômicos.

As práticas que atualmente regem o comércio internacional estão fortemente ligadas ao alinhamento político não apenas em conflitos, mas também em relação a tendências para o futuro. A preocupação ambiental europeia valoriza, por exemplo, parceiros comprometidos com a causa, simplesmente por torná-los mais competitivos nas relações econômicas. O Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM), implementado pela Comissão Europeia, impõe um preço sobre as emissões de carbono de determinados bens importados – como ferro, aço, cimento e fertilizantes – exigindo, assim, que os exportadores de outros países adequem-se a padrões mais rigorosos, sob pena de enfrentar custos de exportação adicionais.

A situação brasileira em um tabuleiro de mudanças

O cenário atual preocupa o exportador brasileiro, especialmente diante da previsão de desaceleração econômica da China, principal parceira comercial do Brasil.

Contudo, é importante lembrar que essas previsões são voláteis. O relatório World Economic Outlook (julho de 2025) do FMI revisou para cima o crescimento chinês, de 4% para 4,8%, mostrando que o país excedeu expectativas, apesar das tarifas impostas pelos Estados Unidos.

A China está longe de deixar de ser um parceiro forte. Os exportadores brasileiros de commodities ainda têm amplas oportunidades no mercado mundial, desde que façam escolhas estratégicas corretas.

Além disso, o fortalecimento dos BRICS pode representar uma janela de oportunidade para o Brasil, especialmente em meio ao movimento de desdolarização do comércio internacional. Ainda que isso gere tensões com os EUA, trata-se de uma estratégia de diversificação de parceiros, que reduz a vulnerabilidade a sanções financeiras.

O sucesso no comércio exterior não depende apenas da eficiência econômica. É preciso navegar com habilidade no cenário geopolítico, caracterizado pelas disputas entre potências, adaptar-se às exigências ambientais e diversificar mercados e parceiros.

Janela de oportunidade para pequenos e médios exportadores brasileiros

O lado oportuno dessa incerteza é que a busca generalizada por mercados alternativos abre lacunas que podem ser preenchidas por países de grande participação comercial, justamente como é o caso do Brasil. 

Somado a essa possibilidade, tem-se o fato de que, apesar de as exportações brasileiras serem enormemente apoiadas no agronegócio e na venda de commodities, os pequenos e médios exportadores têm a chance de explorar mercados nichados ou de maior valor agregado. Em um mundo de cadeias de valor em transformação, a cautela pode tornar-se protagonista em uma história de sucesso para os exportadores brasileiros.

É por isso que uma equipe dedicada à análise técnica de conjuntura, e com experiência na dinamicidade das relações internacionais faz toda a diferença para aqueles que buscam sucesso em suas empreitadas no exterior, principalmente em um cenário de disputas de poder entre potências.

A Argos Consultoria Internacional oferece serviços de Estudo de Mercado e Análise Comercial que visam, justamente, contrapor os pontos fortes e fracos de investir em um determinado mercado, no momento atual. Fornecendo relatórios que combinam o olhar estratégico do internacionalista para questões políticas, legislativas e culturais, a Argos permite que o cliente mantenha-se focado em aprimorar seu negócio para expandi-lo no momento certo, sob as circunstâncias que melhor o favoreçam. 

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