GTM-52TNH8WX GTM-52TNH8WX

O confronto comercial EUA-China e seus desdobramentos internacionais

TENSÕES COMERCIAIS ENTRE EUA E CHINA

As tensões existentes entre os Estados Unidos e a China, especialmente as comerciais, não são novidade nas relações internacionais e possuem raízes mais antigas do que muitos pensam. Entretanto, a temperatura entre as duas nações se elevou nos últimos meses devido a novas políticas do segundo governo Trump na Casa Branca. Nesse artigo veremos um pouco sobre essas políticas mas principalmente sobre seus efeitos para o resto do mundo.  

AUMENTO DAS TARIFAS E RETALIAÇÕES

Lei contra tarifaço de Trump começa a valer nesta segunda-feira (14); entenda - Portal Norte

No dia 2 de abril, o presidente Trump anunciou a implementação de tarifas sobre as importações estadunidenses de diversos países do mundo. Porém, enquanto a maioria delas tinha valor próximo a 10%, as direcionadas à China acumulavam um valor de 34%. A partir disso se iniciou uma sequência de medidas retaliatórias dos dois países, chegando ao final com uma taxa de 245% sobre alguns produtos chineses pelos Estados Unidos e uma taxa de 145% sobre produtos norte-americanos por parte da China. 

Apesar de uma guerra comercial parecer iminente, as duas nações possuem um fluxo de comércio e transações bastante alto entre elas, o que dificulta a tomada de medidas mais drásticas. Nesse sentido, de acordo com o Escritório de Análise Econômica (BEA) dos EUA, em 2024, as trocas comerciais dos dois países somaram cerca de US$ 585 bilhões de forma desigual, uma vez que as importações americanas totalizaram cerca de US$ 440 bilhões e as chinesas US$ 145 bilhões. Isso significa um déficit comercial por parte dos EUA em relação à China de US$ 295 bilhões no ano passado, valor considerável (1% da economia estadunidense). 

Como dito anteriormente, as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo não são recentes e possuem um episódio importante durante o primeiro governo Trump. Sob essa perspectiva, no ano de 2018, o presidente norte-americano anunciou tarifas de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre as de alumínio, que tiveram como foco principal a China, maior parceiro comercial dos EUA. Essa medida também apresentou retaliações chinesas e apesar da tentativa de trégua, traçada em uma reunião do G-20, as relações continuaram estremecidas. A razão para esses ataques se dá no alto crescimento econômico chinês e o medo estadunidense de perder sua hegemonia e influência no mundo. 

BRASIL COMO NOVO MERCADO ESTRATÉGICO PARA CHINA

Lula recebe presidente da China Xi Jinping no Palácio da Alvorada. Assista — Agência Gov

De acordo com especialistas, o tarifaço de Trump irá acelerar o processo chinês de busca de novos mercados, e um dos novos destinos pode ser o Brasil. Isso em razão do país possuir dimensões continentais e uma população robusta com altas demandas, além da histórica parceria entre as duas nações. 

Desse modo, Vitor Moura, fundador da Lantau Business Answers, consultoria brasileira especializada em intermediação de negócios entre Brasil e China, e especialista da rede Observa China, explica que devido ao processo um pouco lento de recuperação da economia chinesa após a pandemia do Covid-19, empresas de médio porte têm buscado maneiras de entrar no mercado brasileiro para vender produtos finais aos consumidores. Entretanto, devido à falta de capacidade de competir com o mercado chinês, Moura adverte que o Brasil deve usar essa oportunidade para adaptar as tecnologias e utilizá-las para desenvolvimento nacional. 

Ademais, outra oportunidade que pode surgir para o mercado brasileiro é em relação à Embraer, empresa nacional de aviação. Como uma resposta às tarifas impostas por Trump, há a possibilidade da China suspender a compra de jatos Boeing, empresa estadunidense, e apesar da empresa brasileira não produzir todos os produtos que a americana produz, existe a chance dela se beneficiar do momento e entrar mais fortemente no mercado chinês, de acordo com a economista Diana Chaib, pesquisadora das relações sino-brasileiras. 

Além disso, segundo o Financial Times, jornal britânico, o Brasil pode se beneficiar dessa tensão entre as potências ocupando o lugar dos EUA no comércio de grãos e carnes para o mercado chinês e europeu. Neste ano, a exportação de carne bovina brasileira para a China apresentou um aumento de um terço em relação ao mesmo período no ano passado, assim como a exportação de soja brasileira apresentou um aumento em relação à americana. 

De acordo com o jornal, a porcentagem das importações norte-americanas no setor alimentício chinês caiu de 20,7% em 2016 para 13,5% em 2023, enquanto a brasileira passou de 17,2% para 25,2% no mesmo período. Em relação ao mercado europeu, a União Europeia está a aplicar tarifas retaliatórias de 25% à soja, carne e aves estadunidenses, o que representa uma abertura para os produtos brasileiros.

ACORDOS ESTRATÉGICOS DA CHINA NO SUDESTE ASIÁTICO

Para além do Brasil, as relações internacionais estão apresentando inúmeros movimentos diretamente relacionados às tarifas anunciadas por Trump. Em sua viagem ao sudeste asiático, Xi Jinping, presidente da China, está realizando diversos acordos estratégicos. Em sua visita ao Camboja, foram assinados acordos para cooperação na área de infraestrutura para transporte, como a construção de um canal com participação quase equivalente de investidores chineses e cambojanos, e também para reforço da aplicação da lei, em relação a fraudes online e apostas ilegais. 

Já no Vietnã, antes de embarcar para o Camboja, o líder chinês assinou diversos acordos de cooperação com o país, especialmente na área comercial e de defesa marítima. Ademais, foram propostas medidas para aprofundar a comunidade dos dois países, como maior comunicação e troca de experiências em governança, aumentar a conexão de ferrovias, rodovias e portos, e muito mais. Ainda no sudeste asiático, o líder chinês visitou a Malásia, com a qual também busca estabelecer acordos bilaterais de forma a balancear as medidas de Trump. 

CONSEQUÊNCIAS PARA OUTROS ATORES

Outro país que enfrentará mudanças é a Rússia, apesar de ter sido poupada por Washington devido às sanções impostas anteriormente por conta da Guerra da Ucrânia. Isso porque o principal alvo do tarifaço, a China, é o seu principal parceiro e também porque essa nova medida americana está impactando diretamente na queda do preço do petróleo, commodity fundamental para a economia russa. 

Contudo, segundo o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Andrei Rudenko, China e Rússia podem atingir um novo recorde de volume comercial e se tornarem ainda mais próximos por conta da medida de Trump, especialmente para fornecimento de recursos energéticos. Ainda, Rússia e Cuba reiteraram seu compromisso de fortalecer a cooperação bilateral para interesses econômicos, comerciais, financeiros e de investimento. 

Outro efeito do tarifaço promovido pelos Estados Unidos é o encontro histórico entre China, Japão e Coreia do Sul para o primeiro diálogo econômico em 5 anos. Os países concordaram em responder de maneira conjunta às tarifas e também impulsionar e facilitar o comércio regional por meio de parcerias, como pela compra de matérias primas semicondutoras e produtos de chips entre eles. Os países buscam firmar um acordo de livre comércio de forma a estreitar suas relações. 

CONCLUSÃO

Os efeitos dessa nova medida implementada não se restringem apenas às ações de outros países, mas também influenciam no comportamento de marcas e empresas, como a Volvo que planeja despedir até 800 funcionários em 3 locais diferentes nos EUA dentro dos próximos 3 meses devido à incerteza do mercado em relação à demanda, principalmente por conta da tendência de aumento dos preços de seus produtos com as tarifas impostas. 

Com isso, é perceptível a tamanha influência das atitudes tomadas pelo presidente Trump e suas reações por parte da China nas relações internacionais e no comércio global. Resultados mais concretos e impactos nas economias ainda serão vistos e sentidos ao longo dos próximos meses e anos, mas devido à globalização elevada na qual o mundo se encontra, todos sofrerão consequências.

Quer expandir seu negócio internacionalmente em tempos de incerteza?  Conte com a Argos para identificar as melhores oportunidades no exterior. Oferecemos serviços especializados de Estudo de Mercado e Análise Comercial para orientar sua expansão com segurança e estratégia. Fale conosco e descubra onde está o próximo passo do seu crescimento.

QUEM ESCREVEU:

Júlia Fróes Moraes

Júlia Fróes Moraes

Vice-Presidente

Siga-nos nas redes sociais!

Tags: , , , , ,

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

19 + 14 =

Enviar
Faça seu diagnóstico gratuito!
Escanear o código
Argos Consultoria Internacional
Envie uma mensagem para um de nossos consultores fazer o seu diagnóstico gratuito 😊