Israel e Palestina: Crises humanitárias e reflexos no COMEX

Em outubro de 2023, o ataque do Hamas contra Israel desencadeou uma nova fase do conflito israelo-palestino, uma das mais longas e devastadoras das últimas décadas. Dois anos depois, a guerra permanece sem perspectiva real de cessar-fogo duradouro, transformando-se em uma crise humanitária e econômica prolongada.

Nesse sentido, segundo dados da ONU (2025), mais de 2,2 milhões de pessoas em Gaza enfrentam insegurança alimentar aguda, e cerca de 84% da população foi deslocada internamente. A destruição de hospitais, usinas e escolas fez o território colapsar social e economicamente (UNICEF, 2025).

Assim, a guerra não é apenas um embate militar: ela representa uma reconfiguração geopolítica no Oriente Médio, com repercussões diretas sobre fluxos comerciais, cadeias de suprimentos e decisões de investimento.

Quando a guerra interrompe o comércio

A economia palestina, fortemente dependente de Israel, sofreu um colapso. Antes de 2023, 80% das exportações de Gaza tinham como destino o mercado israelense, enquanto dois terços das importações provinham dele (IMF, 2023). Com o início dos combates, as exportações palestinas caíram mais de 30% e o desemprego ultrapassou 50%, segundo o Palestine Economic Policy Research Institute.

Israel, por sua vez, também sentiu o impacto. O FMI registrou uma contração de quase 20% do PIB israelense no quarto trimestre de 2023, reflexo da mobilização militar, do êxodo de trabalhadores e da queda nas exportações de tecnologia e diamantes, principais motores da economia (FT, 2024).

Além dos efeitos diretos, há o bloqueio de rotas logísticas. O porto de Eilat, no sul de Israel, teve operações suspensas após ataques houthis no Mar Vermelho, uma rota vital para o comércio entre a Ásia e o Mediterrâneo (Washington Post, 2025). Esse bloqueio tem impacto muito além da região, encarecendo fretes, redirecionando navios e pressionando cadeias globais.

O elo invisível: conflito, comércio e instabilidade global

Conflitos regionais como o de Israel e Palestina revelam o quanto a interdependência comercial do mundo atual é vulnerável a crises políticas e humanitárias.
Nessa conjuntura, o Oriente Médio é estratégico para o comércio global, não apenas pela energia, representando 30% das exportações mundiais de petróleo, mas também por sua posição logística: o Canal de Suez, rota por onde passa cerca de 12% do comércio mundial, é diretamente afetado por tensões na região.

Com o prolongamento da guerra, empresas e governos têm redirecionado rotas e revisado contratos, o que leva a:

  • aumento do custo de seguros marítimos (em até 300%, segundo a Lloyd’s List);
  • atrasos em entregas de insumos industriais;
  • migração de investimentos para mercados considerados “seguros” (como Europa Oriental e Sudeste Asiático).

Essa reconfiguração atinge até países distantes do conflito, como o Brasil, que importa combustíveis e fertilizantes de países árabes e exporta alimentos para a região. Em 2024, as exportações brasileiras para o Oriente Médio cresceram 12%, mas a volatilidade logística e cambial elevou custos operacionais para empresas exportadoras.

O papel do Brasil e da América Latina: vulnerabilidades e oportunidades

A crise entre Israel e Palestina, que chega a dois anos sem solução, é um lembrete de que nenhuma economia opera isoladamente.
O sofrimento humano e o colapso social têm reflexos diretos sobre cadeias produtivas, mercados financeiros e polEmbora não envolvidos diretamente no conflito, países latino-americanos sofrem impactos indiretos, sobretudo em commodities, energia e transporte marítimo. O Índice de Custo Logístico Global (ICLG) apontou aumento médio de 18% nos custos de transporte internacional na rota Brasil–Ásia via Canal de Suez em 2024.

Mas há também oportunidades:

  • diversificação de mercados, com ampliação das exportações brasileiras de alimentos para Egito e Emirados Árabes;
  • atração de investimentos árabes em infraestrutura e energia renovável na América do Sul;
  • e o fortalecimento do Brasil como parceiro diplomático neutro e fornecedor confiável de alimentos e energia, um diferencial em tempos de instabilidade.

Poíticas comerciais, e o Oriente Médio continua a ser um epicentro de tensões que reverberam globalmente. Para o Brasil e para os profissionais de comércio exterior, compreender essa dinâmica é mais do que um exercício analítico: é uma necessidade estratégica para operar com segurança e visão global.

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Júlia Ellen Costa

Júlia Ellen Costa

Diretora de Marketing

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