ATUAÇÃO DO BRASIL NA PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DE COMMODITIES
O papel do Brasil como grande exportador de commodities não é novidade, mas vem ganhando ainda mais relevância nas últimas décadas. Desde os tempos coloniais, nossa economia esteve atrelada à produção e venda de produtos primários, o que moldou tanto nossa estrutura produtiva quanto nossas relações internacionais. Hoje, diante de um cenário global em constante mudança — marcado por tensões geopolíticas, mudanças climáticas e novas demandas de mercado —, o Brasil se consolida como um ator estratégico no comércio global. Neste artigo, veremos como o país chegou a essa posição e quais são os desafios e oportunidades que se apresentam para o futuro.
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL
O Brasil se estruturou no sistema do capitalismo mercantil com o comércio de commodities. Isso é evidente, pois, ao analisar o nome adotado ao nosso território, emprestado de um produto primário de exportação, e as atividades que sustentaram grande parte da nossa economia: o açúcar, o ouro e o café.
As commodities são matérias-primas que podem ser produzidas em larga escala. No mercado, esse nome refere-se a produto básico, em estado bruto ou com reduzido grau de transformação. Sua característica mais importante é o preço fixo, assemelhado a uma moeda. A vantagem está no volume da venda, especialmente quando relacionado à exportação. Hoje, o país é uma potência nas commodities, conforme o seu papel na história.
Diante disso, as exportações nacionais desses produtos vêm se expandindo rapidamente nos últimos anos. Isso ocorre, especialmente, após eventos como a guerra comercial entre a China e os EUA, a pandemia da Covid-19 e a eclosão da guerra russa-ucraniana. Nos primeiros três meses deste ano, o Brasil vendeu US$77,31 bilhões, mostrando-se estável em comparação com o mesmo período de 2024.
De acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), os três principais produtos responsáveis por isso foram o petróleo (US$9,69 bi), a soja (US$8,72 bi) e o minério de ferro (US$5,96 bi). Esses produtos são o carro-chefe das nossas exportações de commodities. Em relação ao ferro, sua extração é concentrada em estados como MG e PA, sendo essencial não apenas para a exportação, mas também pelo valor agregado à nossa economia.
Ainda assim, o setor agrícola se destaca, com a soja mantendo grande demanda e com o café, que registrou aumento expressivo de preço. A expansão impressionante da soja se deu por motivos como a extensão de áreas agricultáveis e o clima favorável. Além disso, destaca-se a facilidade de mecanização da cultura e o crescimento da nossa eficiência produtiva ao longo das últimas décadas.
GEOPOLÍTICA E COMÉRCIO EXTERIOR
O país lidera a exportação de soja desde 2012 e esse produto tornou-se estratégico para a gente por causa do estreitamento de relações comerciais com a China, que é a nossa principal importadora. Nesse mercado, embora concorrentes, o Brasil e os EUA também desempenham papéis complementares, já que suas colheitas acontecem em momentos diferentes tendo em vista a sazonalidade.
A guerra comercial entre os EUA e a China trouxe mudanças significativas ao comércio exterior. Ela colocou o Brasil em uma posição vantajosa de principal fornecedor de produtos agropecuários para os chineses, permitindo que ele ultrapassasse os americanos como maior exportador de commodities. Dessa forma, as imposições tarifárias da China aos produtos de origem estadunidense criaram uma oportunidade para o nosso agronegócio.
O Brasil mantém, por sua vez, uma série de acordos bilaterais que possibilitam relações comerciais estratégicas com outros países. Sendo eles, acordos de livre comércio (Mercosul), com países e blocos econômicos diversos que facilitam as exportações de commodities e acarretam benefícios mútuos, como a redução ou eliminação de tarifas alfandegárias.
Além disso, o nosso país se destaca como uma peça estratégica no mercado de alimentos. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) projeta que a população mundial chegará a 9 bilhões de pessoas em 2050. Esse cenário exige, portanto, um aumento significativo na produção de alimentos.
O Brasil possui condições excepcionais para atender essa demanda: recursos naturais abundantes (clima favorável, 383 milhões de hectares de áreas agricultáveis e água em abundância), tecnologias de otimização da produção – que se desenvolvem cada vez mais por meio do investimento em pesquisa –, e a capacidade de adaptação e busca por inovações do trabalho do nosso agronegócio.
IMPACTOS NA ECONOMIA NACIONAL
O boom das commodities se deu, especialmente, entre 2005 e 2011 e o Brasil aproveitou o aumento de demanda e preços, os quais geraram crescimento no PIB, mesmo com a crise mundial de 2008. Essa aceleração veio associada à redução das vulnerabilidades externa e fiscal e à melhoria da distribuição, ampliando os empregos e salários reais e conformando um momento de maior dinamismo (Ministério da Fazenda, 2011).
Dessa forma, as exportações possuem um papel fundamental na nossa economia. O acréscimo dos preços internacionais das commodities brasileiras repercute positivamente no PIB e no saldo da Balança Comercial. Entretanto, são encarados um conjunto diverso de oportunidades e riscos.
É importante prestar atenção na volatilidade dos preços das commodities. Quando eles estão altos no mercado internacional, as receitas das exportações se intensificam e a balança fica positiva. Ademais, as condições ambientais impactam o mercado brasileiro tanto devastando quanto estimulando a produção. Isso afeta a oferta global e, consequentemente, a precificação da commodity.
Alguns desses fatores são as secas, inundações e desastres naturais. Esses eventos acarretam respostas de mercado, como a necessidade de adaptação das técnicas de cultivo, o investimento em infraestrutura hídrica e a pesquisa e desenvolvimento de cultivos mais resistentes. Ou seja, esse setor demanda uma análise constante das condições externas e internas a fim de que decisões estratégicas possam ser tomadas e a economia nacional se beneficie das exportações.
POSSÍVEIS DESAFIOS E PERSPECTIVAS FUTURAS
Embora o Brasil, o maior exportador de soja e de carne bovina do mundo, seja um importante ator na segurança alimentar global, como foi apresentado, o desmatamento para expandir as terras agrícolas, o uso intensivo de agrotóxicos e outras práticas danosas ao meio ambiente são um desafio para o país.
Ainda precisamos avançar em direção à transição para uma agricultura mais sustentável, alinhada ao aprimoramento do planejamento e gestão do uso da terra, priorizando áreas para conservação e restauração. Tal atitude seria um diferencial, já que a procura por produtos sustentáveis está aumentando em escala global.
O Brasil tem condições de ser um fornecedor de alimentos e matérias primas que atendam padrões internacionais. À vista disso, iniciativas como certificações ambientais devem abrir portas a novos mercados, além de agregar valor às nossas commodities.
A integração regional, estimulada por acordos comerciais e proximidade geográfica facilita o acesso a mercados alternativos à China, como a Índia e a Indonésia (ambas com previsão de expansão anual de 5% e 7%). A Índia já representa um grande destino das nossas exportações (US$12bi em 2023).
O Brasil pode ampliar seus laços comerciais com países asiáticos. Isso se deve ao crescimento populacional e econômico dessas regiões, que acompanha o aumento da demanda por alimentos, energia e produtos industriais. O setor do agronegócio também pode se expandir para territórios africanos como a Nigéria, o Egito e a África do Sul, haja vista que eles estão ampliando suas capacidades de importação.
Já no Oriente Médio, a busca por diversificação econômica e o crescimento populacional estimularam o aumento das importações de alimentos e energia do Brasil. Portanto, esses mercados emergentes se mostram como uma chance para a gente ampliar os destinos de exportação das commodities, além de fortalecer laços comerciais estratégicos.
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