Você já ouviu falar sobre o Bitcoin? Essa moeda digital tem ganhado cada vez mais destaque, mas para entender seu funcionamento, é fundamental compreender a tecnologia que a sustenta: o Blockchain. Neste artigo, vamos explicar o que é essa inovação digital, seus impactos na economia moderna e como ela pode impulsionar negócios, sem focar diretamente no Bitcoin.
1- O QUE É BLOCKCHAIN?
Blockchain, ou “corrente de blocos”, é uma tecnologia revolucionária criada por um indivíduo (ou grupo) sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto durante a Crise Financeira de 2008. Embora o Bitcoin tenha surgido junto com o Blockchain, nosso foco aqui é na tecnologia. O Blockchain trouxe uma solução inovadora para o registro de informações, baseada em uma ideia central: descentralização.
2- POR QUE O BLOCKCHAIN É TÃO IMPORTANTE?
O sistema financeiro tradicional depende de autoridades centrais, como o Banco Central, para validar transações e manter a confiança. No entanto, isso cria uma dependência dessas instituições, muitas vezes propensas a falhas ou intervenções arbitrárias. O Blockchain oferece uma alternativa, permitindo transações seguras sem intermediários, baseadas em criptografia e validadas pelos próprios usuários da rede.
3- COMO FUNCIONA O BLOCKCHAIN?
Para explicarmos isso, usaremos o sistema financeiro vigente como estudo de caso. Isso porque ele, diferentemente do Blockchain, depende de uma autoridade central que fiscalize transações e informações. No Brasil, por exemplo, essa autoridade é o Banco Central, o qual coleta dados e certifica que determinados indivíduos ou instituições de fato realizaram uma troca. Ou seja, quando você, leitor, realiza um PIX para um amigo, o Banco Central do Brasil analisa os dados de seu banco comercial e garante que você transferiu dinheiro para seu amigo. O Bacen é o órgão de fiscalização; a autoridade última.
O problema de um sistema como esse, segundo Nakamoto, é que ainda são extremamente dependentes de confiança entre as partes. Tanto isso é verdade que, mesmo com muita vigilância, golpes e esquemas continuam existindo e operando dentro dele. Além disso, um sistema centralizado possui um risco: todas as finanças ficam reféns de uma ou duas organizações monopolistas, as quais possuem total controle sobre o que elas gerem. Em outras palavras, nós precisamos confiar nelas, mesmo que não sejam dignas de tal opinião nossa. Por que confiar nas mesmas instituições que permitiram o confisco de bens no Plano Collor, por exemplo?
A ideia de Nakamoto, ao idealizar o Blockchain, foi criar um sistema no qual as pessoas não tivessem que depender de intermediários para realizar transações digitais. Deveria ser um sistema direto, feito por criptografia, capaz de se autorregular e fiscalizar através de sua própria rede, assim acabando com as fraudes e medidas arbitrárias de terceiros. Para isso, o próprio sistema recompensaria os “fiscalizadores”, de tal modo que possíveis “perturbadores” seriam punidos ou descobertos.
Mas como então funciona o Blockchain? Aqui iremos ilustrar o funcionamento, primeiramente, através de meio lúdicos e, posteriormente, por meios técnicos.
De maneira lúdica, podemos pensar na hipótese do leitor fazer uma transferência para um amigo, Jonas. Quando isso ocorre no Blockchain, é como se o leitor e o seu amigo estivessem fazendo uma troca em uma praça pública, onde vários observadores fiscalizam e anotam as permutas em um “caderno”. Entretanto, esses observadores não sabem exatamente o que foi transferido e, por isso, fazem adivinhações do que aconteceu.
Nesse processo, os observadores entram em uma “disputa”, na qual o primeiro a “adivinhar” o conteúdo da transferência recebe uma recompensa em novos bitcoins. Essa é a famosa “mineração de bitcoin”. Ou seja, esse observador é o novo fiscalizador do processo de transações no sistema; não mais um órgão central como os bancos centrais.
Uma vez que um observador achou a resposta correta, ele a transfere para os demais fiscalizadores. Desse modo, evitam que as informações corretas sejam adulteradas no futuro e, na prática, formam uma corrente de “cadernos” e dados; o Blockchain.
Tecnicamente, quando o leitor transferir Bitcoins para seu amigo, todos os computadores (CPUs) conectados na rede Blockchain irão receber essa informação criptografada, colocando-a dentro de uma block (bloco) até ficar cheio. Os CPUs conectados na rede entram em um “disputa” algorítmica para descobrirem qual é o hash (“etiqueta”) daquele “bloco” e, em seguida, validam-no através de um conjunto de operações numéricas. Nesse processo, o primeiro computador a achar o hash, o nonce, recebe uma determinada recompensa em novos bitcoins, assim premiando o “fiscal”. Após isso, transfere os dados corretos para as demais CPUs do sistema, assim criando uma corrente de blocos (Blockchain) que cria uma histórico de transações, posses e garantias de segurança ao sistema.
Após essa explicação podemos nos perguntar: mas esse sistema é seguro? Sim, ele é. Isso fica claro quando pensamos no poder de processamento necessário para modificar uma informação na Blockchain. Para que isso ocorra é preciso que o adulterador supere a capacidade de processamento de todos os computadores os quais atuam na rede e, logo, isso se torna uma impossibilidade prática. Ademais, a quantidade de recursos necessários para fazer essa adulteração geraria um custo tão alto, que seria melhor empregar na própria mineração de Bitcoins.
Apesar de estarmos usando de exemplo um sistema financeiro, vale ressaltar a abrangência do Blockchain, que pode ser utilizado de diversas formas. Ele é capaz, por exemplo, de substituir sistemas que registram posse de bens, como os cartórios. Ao invés de recorrer a eles para o registro de um imóvel, poderíamos registrar o título de propriedade em Blockchain e, uma vez validado esse registro, todos os CPUs da rede teriam essa informação registrada e inalterada até que o dono queira a modificar.
4- IMPACTOS ECONÔMICOS
Ainda que o Blockchain seja inteiramente digital, seu funcionamento gera impactos econômicos significativos no mundo. Isso porque a capacidade de processamento exigida para o funcionamento dessa tecnologia é imensa. Consequentemente, demanda enorme quantidade de energia e constante atualização dos hardwares presentes participantes do Blockchain.
Para que o sistema se mantenha funcionando, computadores (CPUs) devem se manter em constante operação. Ou seja, um regular gasto energético que, quando multiplicado, gera imenso impacto econômico e ecológico. Segundo a autoridade energética dos EUA (EIA), a mineração de cripto ativos consome cerca de 2% de toda a eletricidade do país, um número assustador. Em países nos quais a fonte energia não é renovável, como os EUA, esse gasto excessivo significa mais consumo de combustíveis fósseis e, logo, mais poluição. Quando pensamos nas “fazendas de mineração” de Bitcoins isso aumenta exponencialmente.
Além do consumo energético, a incessante atualização de hardware das “fazendas de mineração” gera incontáveis quantidades de lixo eletrônico. Para que essas “fazendas” tenham máxima eficiência, elas precisam ser atualizadas constantemente. Em média, segundo o portal TecMundo, os dispositivos usados para a mineração têm cerca de 1,29 ano de vida útil. Ou seja, após esse período de tempo, novas peças são compradas e descartadas, sem qualquer tipo de recuperação ou processo de reciclagem.
Economicamente, o poder de processamento necessário para a manutenção do Blockchain gera uma demanda por microchips e semi-condutores ao redor de todo globo. Mais de 30 mil toneladas de lixo eletrônico são gerados por ano por causa da mineração de criptomoedas, revela artigo da BBC. Com o aumento exponencial do preço do Bitcoin, podemos esperar também o crescimento na poluição gerada indiretamente pelo sistema Blockchain.
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