Criptomoedas: qual seu impacto no Comércio Exterior?

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Panorama geral

O comércio internacional é pautado pelas estruturas cambiais e pelas variações das mesmas. As variações cambiais podem se dar por diversos motivos, seja, por exemplo, por uma perspectiva de crescimento econômico, e consequentes investimentos naquele país, seja por uma má notícia que acaba espantando possíveis investidores. Isto é, existem certas circunstâncias que tornam países mais ou menos atraentes, influenciando no poder de compra da sua moeda.

Ao longo dos anos as moedas foram tomando formato em diversos países e as trocas comerciais foram crescendo. A princípio eram lastreadas em ouro, mas com o passar do tempo as moedas passaram a ser fiduciárias, ou seja, sem lastro, sem algo que pudesse ser trocado por ela. São, hoje, baseadas na confiança da economia do país, tal qual a maioria das moedas do mundo. Entretanto, com o avanço da globalização, do estabelecimento da internet e do neoliberalismo, surgiu a ideia das Criptomoedas!

Em 2008 após os escândalos financeiros da Bolsa americana um artigo foi publicado por um autor desconhecido com um pseudônimo chamado Satoshi Nakamoto. A ideia era criar uma moeda digital que não se baseasse no controle do Estado, sair da dependência de políticas monetárias e com isso trabalhar com uma maior estabilidade e rastreabilidade.

Dessa forma, de lá pra cá, houve um crescimento exponencial do interesse pela ideia da moeda. Vemos hoje cada vez mais investidores, empresas e até Estados se envolvendo e buscando mais sobre o assunto. Assim sendo, o assunto se torna cada vez mais relevante e significativo tanto para as pautas sociais quanto individuais. Vamos dar uma olhada!

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Quais os problemas das Criptomoedas?

Apesar das criptomoedas terem diversos lados positivos, é importante entender seus lados negativos também. Em primeiro lugar, tem a questão energética. A criação das moedas é feita através da chamada “mineração”. O que seria isso? Mineração é o processo para a criação de novas moedas, a ideia é que um número finito de moedas sejam criadas e cada computador no mundo que se dedicar a tornar o sistema mais forte ajudando a rastrear as informações e a assegurar os cálculos pro funcionamento geral do sistema, receba uma quantidade x de moedas a cada quantidade definida de minutos. Ou seja, é possível ganhar moedas ajudando no processo de fortalecimento do sistema.

Mas então qual o problema? O problema, é que para que esse processo seja feito é necessária energia elétrica e com cada vez mais pessoas procurando minerar isso se torna um problema social. Num mundo que procura ser cada vez mais “verde” uma moeda como essa pode causar contestação. Para se ter uma ideia, segundo artigo feito pela ISTO É DINHEIRO, O organismo Cambridge Bitcoins Electrical Consumption destacou que somente a mineração de Bitcoins consome mais energia do que países grandes, como a Argentina, e está se aproximando da Noruega. Como o processo é um círculo vicioso, em que mais tempo ajudando a fortalecer o sistema, mais retorno, isso tende a causar maiores problemas a longo prazo.

Em conformidade com o problema energético, tem a questão da volatilidade. Apesar de as previsões apresentarem cenários positivos, a moeda ainda é pouco estabelecida. É necessário ter em mente que, devido a falta de segurança, os investimentos nas diversas criptomoedas ainda são bastante frágeis. Se observarmos as variações, podemos perceber que existem momentos de grandes altas como foi o momento em que grandes empresas como a Tesla decidiram investir em ativos, e existem momentos de baixa como na venda agressiva de investidores chineses. Por ser uma moeda que ainda não alcançou a aprovação política de muitos Estados e por ter restrições em outros, há um vislumbre muito incerto sobre seu futuro que acaba sendo impactante na tomada de decisão dos investidores. 

O que acrescentaria de novo?

Como a ideia do comércio exterior é alcançar o maior número de mercados e fortalecer as relações comerciais, uma moeda que poderia alcançar o mundo todo sem depender das políticas de cada país seria bastante interessante. Hoje, se pensarmos nas questões de transferências bancárias, vemos que, na maioria dos países, ainda é muito comum o uso de cheques e, em muitos, nem é possível fazer transações por meio do celular. Devido a isso, uma moeda que pudesse favorecer as trocas e consequentemente adiantar os trâmites aduaneiros, ao passo que os intermediários, bancos, não seriam tão necessários seria algo extremamente interessante para o comércio exterior.

Ademais, a ideia possui ainda muitos outros fundamentos interessantes. Ela é uma moeda de alta rastreabilidade devido às propriedades da Blockchain. É possível, assim, ver e rastrear as operações. Além disso, consegue também ter segurança já que possui um sistema criptografado e é uma moeda neutra. Apesar das diversas características positivas, é possível enxergar alguns outros pontos que poderiam ser complicados para a adoção no comércio exterior muito calcados pela falta de sustentação que a moeda tem nos mercados de ativos.

Contudo, segundo um relatório do Citi Group, divulgado pelo site da Money Times, o banco destaca as criptomoedas como sendo as moedas do comércio internacional para daqui a alguns anos. A tendência é surgirem contornos que consigam fortalecer o estabelecimento dos alicerces para o uso cotidiano dessas moedas. Dessa forma, chamando cada vez mais atenção dos Estados e das grandes corporações.

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Isso poderia ser usado pela OMC para expandir o comércio?

Desde a ideia da OIC, da experiência com o GATT e do estabelecimento da OMC, houve um discurso que serviu como lema, ao menos no papel, para a adoção de conversas para melhorar o comércio internacional. O crescimento do comércio entre países está muito aliado às negociações que hoje são mais travadas em um palco multilateral e com uma resolução de conflitos, o que em parte coloca as nações em um maior pé de igualdade no poder de barganha.

Enxergando na OMC uma prerrogativa de dar iniciativa às conversas sobre temas futuros e temas novos, como a questão das patentes e propriedades intelectuais, é possível que em alguma medida o uso das criptomoedas venha a ocorrer nesse âmbito comercial. Com o uso cada vez mais crescente e a tentativa de tornar essa moeda mais estabelecida, como a ideia de El Salvador de tornar a moeda do país e da Argentina de usar como pagamento para os servidores públicos, o debate acaba sendo apressado a entrar em pauta.

Como ficam as empresas? As Criptomoedas não acabam transferindo o domínio e controle para pequenos grupos com melhores servidores e consequentemente maior mineração e fabricação de “nós”? E os Ciberataques as contas digitais? Como os EUA enxergam isso? De que maneira a China poderia pensar nessa ideia? A adoção fortaleceria o comércio, moeda global?

Bom, para responder a essas perguntas, é necessário pensar em duas coisas: poder e hegemonia. Hoje quem possui o controle e define as regras do jogo comercial são os EUA, entretanto os chineses procuram maneiras de quebrar essa hegemonia o que os faz pensar em diversas alternativas que fortaleçam seu comércio exterior. Assim, o que acabamos enxergando no sistema internacional é o “embate silencioso” sobre as prerrogativas estratégias e táticas chinesas contra um possível freio geopolítico americano. E o Comércio Exterior? Há ainda muito o que ser estudado e visto, porém podemos ter certeza de que fatalmente as criptomoedas estarão em algum nível nos influenciando, seja quebrando barreiras para as empresas e facilitando o comércio exterior, seja trazendo cada vez mais debates do que fazer para que sejam aplicáveis e assim possam constituir um novo sistema monetário mundial impactando o comércio exterior.

Quem escreveu:

Lucas Sampaio

Consultor de projetos

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